quarta-feira, 14 de novembro de 2012

[Entrevista] Prof. Dr. Gerardo Alberto Silva

Entrevista com o professor Dr. Gerardo Alberto Silva, vindo da Argentina para o Brasil com o propósito de fazer mestrado na área de planejamento urbano. O seu primeiro contato com o Brasil foi na cidade de Rio de Janeiro. Após passar no concurso à docência na UFABC, Gerardo veio para a região do ABC na grande São Paulo.


Entrevista

"Eu era professor na Argentina e tinha a expectativa de fazer mestrado no Brasil (...) eu tinha descoberto que tinha um mestrado que eu achava bom em planejamento urbano metropolitano no âmbito regional no Rio de Janeiro (...) eu vim basicamente por isso. (...) Nunca tinha vindo pro Brasil, como eu tinha descoberto essa oportunidade eu comecei a fazer um curso de português, e organizei minha lua de mel pra ir vendo essa possibilidade, já pensando que isso seria um primeiro contato com o Brasil (...) aproveitei para conhecer o instituto e as pessoas. Eu vim para fazer mestrado, e a ideia era voltar (para a Argentina), e em outra oportunidade sair para fazer o doutorado, mas emendei e fiz mestrado e doutorado, então fiquei mais tempo do que tinha previsto (...) Principalmente fiquei por causa das oportunidades profissionais e do trabalho."

"A Argentina estava num momento extremamente complicado com o neoliberalismo, e na verdade eu não estava muito afim de voltar não. Fiquei durante quase 10 anos trabalhando como pesquisador e como consultor dentro da UFRJ até que decidi fazer concurso (...) Eu fiz dois concursos, um na UFRJ e um aqui na UFABC. Passei nos dois, portanto, eu teria que decidir 'fico no Rio ou vou para o ABC?' e optei pelo ABC pelas mesmas razões pelas quais eu vim para o Brasil: pela minha carreira."

"Há uma diferença cultural entre a Argentina e o Brasil bem grande que não se percebe claramente, sobretudo do Rio de Janeiro para cima, e culturalmente seria mais próximo da Argentina de São Paulo para baixo (...) Isso me chamou a atenção, uma diferença cultural maior da que eu esperava. (No Rio) eu tive um estranhamento na maneira das pessoas se relacionarem, na maneira de conversarem sobre determinadas questões e na maneira das pessoas verem o mundo. Aqui em São Paulo, por enquanto, minha vida está dentro do que eu esperava (...) eu tenho a impressão que há diferenças importantes na maneira das pessoas se socializarem; digamos que no Rio é mais pra fora e aqui os grupos são mais fechados. Uma coisa que era surpreendente lá (no Rio) era o fato que você sai as dez da noite com um grupo de amigos e pode acabar em um outro lugar com um grupo de pessoas que você nem conhece e está tudo bem. Isso na Argentina é inimaginável."

"No Rio eu tenho uma relação ambivalente, eu gosto porque é a cidade onde eu nasci no Brasil. Por outro lado, embora seja uma generalização, acho que há um certo comodismo por parte do carioca (...) há uma certa indiferença quanto a problemas que são sérios. O Rio parece uma metrópole, mas eu acho que ele não comporta uma metrópole porque você tem uma vida muito centrada na zona sul (...) e você não consegue enxergar o resto da cidade, então você tem uma vida a qual você está num espaço bem limitado de circulação e aos poucos você começa a encontrar sempre as mesmas pessoas, o que é típico de uma cidade pequena. São Paulo tem uma dimensão metropolitana (...) você tem diferentes lugares, a cidade é bem fragmentada. Isso também é um atrativo pra mim, como eu trabalho com essa questão (...) pra mim esta cidade é um laboratório mais poderoso que o Rio. Quando eu não tenho reuniões eu venho uma vez por semana para São Paulo, passo três dias aqui e volto. Se eu preciso ficar por conta de compromissos eu fico de uma semana pra outra. (...) Normalmente venho de ônibus (...) são 6 horas que eu consigo trabalhar no ônibus, consigo ler e corrigir provas, e quando você está em uma sala na sua casa a toda hora você tem uma coisa pra fazer (...) essas seis horas são extremamente produtivas. Na volta, quando possível, volto de avião. "

"Eu poderia repetir o jargão de todo mundo, falar do trânsito e poluição. Mas pra mim isso ainda não é um peso, eu moro num apartamento próximo à faculdade. (...) Pela forma que estou aqui acabo não interagindo com os problemas da cidade. Algumas coisas me assustam (...) no Rio o problema da violência as vezes é mal interpretado, ele é muito concentrado em determinados lugares, em São Paulo pela própria grandeza da cidade este problema é um pouco mais difuso. (...) Não tem um pedaço da cidade, o problema se espalha. Outro problema; no Rio estou acostumado com o Táxi, lá você bota um pé na rua e já tem um táxi. (...) Aqui as pessoas estão acostumadas a chamar o táxi. Tem algumas coisas que eu gosto, por exemplo em termos de comida. Os bares e restaurantes de São Paulo são bem mais diversos e bem cuidados dos que os do Rio. (...) Existe uma variedade enorme de possibilidades, você pode escolher um território da cidade. Tem também boas livrarias, a livraria Cultura pra mim é uma referência. (...) Eu acho que São Paulo tem tudo e eu desfruto muito pouco do que poderia. (...) Nunca senti dificuldade de mobilidade aqui, moro perto da estação de trêm e com a integração com o metrô, eu nunca me senti isolado na cidade.

"A minha relação com meu pais de origem é complicada. Eu cheguei a universidade em 82, no fim da ditadura militar (...) e acho que em 84 foi publicado um livro chamado 'Nunca Más' pela chamada Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas, e aí constatava a desaparição de quase 9 mil pessoas. (...) E ai o que acontecia era que você tinha uma ditadura militar, e muita gente que concordava com a suposta organização governamental (...) mesmo com pessoas falando dentro e fora da Argentina sobre a existência de mecanismos de desaparição, tortura, e morte, as pessoas faziam vista grossa. Era difícil conviver com isso (...) então chega um momento em que mesmo no âmbito dos próprios afetos isso volta, e volta de uma maneira muito ruim. Então talvez sair um pouco (do país) ajude você a relevar algumas coisas, e não estar tão próximo a essa experiência."

São Paulo está entre as 10 cidades mais feias do mundo

Segundo o site Ucityguides, um guia de planejamento de viagens, São Paulo está em 9º lugar no "Top 10 UGLIEST CITIES in the World", Ranking das 10 cidades mais feias do mundo:




                          9 | SAO PAULO, BRAZIL

A natureza parece ter concentrado todos os seus esforços no Rio e completamente esquecido outra grande metrópole do Brasil. São Paulo pode ser uma das cidades mais interessantes do mundo quando se trata de restaurantes e lojas, mas não há dúvida de que é uma selva de concreto grande e feio.

 
                                                                                                                             SÃO PAULO, BRASIL



Lei cidade limpa


Em setembro de 2007, a quarta maior metrópole do mundo foi limpa de quase todo tipo de publicidade externa - inclusive os panfletos. Iniciativa do prefeito Gilberto Kassab para eliminar a poluição visual, tornando a cidade em si o foco principal, em vez de cada vez mais coloridas e desesperadas campanhas de marketing.

"A Lei Cidade Limpa veio de uma necessidade de combater a poluição. . . poluição do som, água, ar, e o visual. Decidimos que deveríamos começar a combater a poluição com o setor mais visível - a poluição visual " Kassab, atual prefeito da cidade.


Os resultados são surpreendentes: Os anúncios de 16m de lingerie e sinais de néon de grandes dimensões a la Times Square foram embora. Em seu lugar ocupam lugares vazios, buracos estrahos. De repente, a arquitetura e a paisagem natural entram em foco.

Os anunciantes não estavam muito felizes com a lei - em torno de 15 milhões de reais em multas foram aplicadas contra aqueles que demoraram a retirar os anúncios, o Clear Channel lançou uma campanha fracassada de conseguir apoio para colocar de volta as publicidades. Pesquisas descobriram que pelo menos 70% dos cidadães da metrópole estão satisfeitos com a mudança.





Fontes: UcityguidesPrefeitura de São PaulowebUrbanist;

[Entrevista] Prof. Dr. Vladimir Perchine

Entrevista com o Professor Dr. Vladimir Perchine, físico vindo de Tomsk - Rússia. Veio ao Brasil para fazer Pós-Doutorado em física teórica e adotou São Paulo como sua nova residência.

Entrevista:




Ressaltamos os pontos principais da entrevista:

“O Brasil visto de fora era o ‘Rio’.”

“A cidade visualmente é muito feia! Posso afirmar que é a cidade mais feia que conheci na minha vida, mas ao entrar nos prédios você percebe que tudo melhora. Então minha impressão eu posso resumir assim: feio por fora, bonito por dentro.”

“Assim como todas as cidades grandes, São Paulo oferece muitas possibilidades. Assim como uma biblioteca para os livros, as cidades grandes são para as pessoas. Um lugar de encontro de pessoas, onde tudo acontece, eu sempre gostei dessa parte de São Paulo, você tem possibilidades infinitas. Se alguma coisa não deu certo em São Paulo, você não pode culpar a falta de oportunidades, a culpa é só sua. Eu gosto desse espírito de liberdade e de oportunidades infinitas.”

“Padrão, que tudo mundo reclama de São Paulo é trânsito, violência e poluição. Então desse trio, eu vou ficar com poluição, que é sempre o que me incomodou mais e continua me incomodando.”

“Eu não esperava gostar tanto dessa cidade, que ia me identificar tanto com ela. Apesar de ser uma cidade caótica, difícil de se viver nela, eu me identifico com ela. Tem algo nos valores das pessoas que faz eu me identificar com ela."

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


Em entrevista ao Diário do Grande ABC o professor Javier Ropero Peláez comenta sobre os professores estrangeiros da UFABC


Estrangeiros - A UFABC é um dos exemplos do aumento do número de estrangeiros atuando no ensino nacional. Dos 425 profissionais que formam o corpo docente, 49 não nasceram no Brasil. Desse total, quatro foram naturalizados brasileiros.
O país que mais exportou profissionais para a universidade foi a Argentina, com nove docentes. Dos 49 professores não brasileiros, 22 são da Europa, sendo seis da Rússia.
O engenheiro eletrônico Francisco Javier Ropero Peláez é um dos profissionais que decidiram investir na carreira fora do país de origem. Espanhol, com doutorado em neurociência pela Universidade de Madri e engenharia mecatrônica pela USP (Universidade de São Paulo), ele trabalha na área de neurocomputação na UFABC desde 2009, quando foi aprovado em concurso público.
Antes de chegar ao Brasil, em 1997, Peláez era contratado de uma empresa petrolífera na Espanha e realizava pesquisas nas horas vagas. “Pesquisar era um hobby para mim. Até que solicitei uma bolsa para pesquisar no Japão e consegui. Mesmo assim, pedi licença de dois anos no trabalho porque a minha intenção era retornar”, explicou.
No entanto, os planos mudaram por conta de duas paixões: além de confirmar o gosto pela pesquisa, foi durante a estadia no Japão que o professor conheceu a futura esposa brasileira, que também trabalhava como pesquisadora.
No Brasil, o espanhol chegou a trabalhar em outras universidades antes de ser aprovado na UFABC. Peláez garante que não pretende retornar definitivamente à Europa e destaca a diferença do mercado acadêmico brasileiro e espanhol.
“Na Espanha, a pesquisa é mais voltada para linhas marcadas, a criatividade não é tão valorizada como aqui. Ter mais liberdade de pesquisa e para criar projetos foi uma das minhas motivações. Estou muito contente aqui porque a UFABC representa uma inovação, com projeto pedagógico inovador que se diferencia de universidades daqui e de fora também”, enfatizou o pesquisador.

 
Fonte: Diário do Grande ABC

[Entrevista] Prof. Dr. Olexandr Zhydenko

Entrevista na íntegra com o professor Dr. Olexandr Zhydenko vindo de Dnipropetrovsk - Ucrânia para o Brasil. Veio fazer doutorado em Física pela IFUSP Universidade de São Paulo.


Entrevista:







Ressaltamos os pontos principais da entrevista:

"Na verdade eu não tinha nenhuma expectativa nem sabia muito sobre São
Paulo, sobre o Brasil, foi um grupo de pesquisa que estava estudando a mesma
coisa que eu. Eu cheguei pra fazer doutorado e fiquei aqui. Não sei dizer sobre
expectativas."

"(São Paulo) É uma cidade grande, na verdade tenho até problemas por causa
disso, tudo é muito longe, mas uma coisa atraente aqui eu não sei. (...) eu gosto
muito do clima de São Paulo (...) da comida daqui, do estilo de vida."

"Eu acho que a coisa fraca que tem aqui é que você não pode encontrar tal
diversidade das coisas, comidas, roupas. Pra mim parece que aqui no Brasil os
consumidores compram só o que eles se acostumaram a comprar e não querem
ter muita escolha. Comparando com outros países, a escolha é muito limitada.
(...) Por exemplo eu me acostumei a tomar um chá da Índia, mas no Brasil todo
mundo bebe só café e pronto, você não consegue encontrar chá da Índia. (...) Em
São Paulo tem mais escolhas justamente por ser uma cidade grande, na verdade
eu sei que tem gente que encontrou o chá da Índia, mas é muito caro. "

"Houve mudanças (na vinda para o Brasil) mas não só por causa do Brasil. Eu
mudei várias coisas porque lá na Ucrânia estava morando com família e cheguei
aqui sozinho, tive que aprender como morar sozinho. Não posso dizer qual parte
foi por causa do Brasil e qual parte foi por causa da mudança (saída de casa)."

"Eu tentava estudar português um pouco antes de vir pra cá, mas aprendi
mesmo aqui no Brasil (...) Comparando com inglês por exemplo eu achov que
aprendi português bem mais rápido e já sei falar português melhor do que
inglês, mas isso porque já tenho que conversar com as pessoas, simplesmente
para sobreviver aqui. (...) mas tem coisas complicadas na língua, pra mim em
particular (...) coisas que ainda não aprendi bem."

"O que me surpreendeu foram as pessoas, que são muito amigáveis, são muito
abertas, eu nunca soube que isso era possível. Isso foi a minha maior surpresa.
(...) Não sei dizer ao certo pois não tinha muitas expectativas antes de vir para
cá. É claro que tem muitas coisas diferentes mas não sei se pra mim foi difícil se
adaptar pois não tenho outra comparação, como me mudei apenas para o Brasil,
talvez foi fácil, talvez não."


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Programa Municipal de Arborização Urbana - cadastramento da vegetação para avaliar as áreas de déficit na cidade




    Como o professor Edson havia comentado em sua entrevista, há em São Paulo um déficit de áreas verdes significativo; há uma grande dificuldade técnica para saber a quantidade de árvores existentes na cidade.  


    Com base nisso foi criada uma lei que institui o Programa Municipal de Arborização Urbana e determina a adoção, por meio de técnicas de georreferenciamento, de um inédito banco de dados com o cadastro de cada árvore do Município.   


"Vai ser uma espécie de RG vegetal, com idade, estado fitossanitário e localização exata", afirmou o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge.

    Atualmente a Prefeitura se baseia em índices de cobertura vegetal  e no desatualizado estudo Vegetação Significativa do Município de São Paulo, de 1988. A primeira região a ser mapeada é o centro, com financiamento de R$ 615 mil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 
    Depois serão priorizadas áreas pouco arborizadas, como os bairros com forte concentração industrial na zona leste (Brás, Mooca) e as regiões com grandes ocupações irregulares, como o M'Boi Mirim, na zona sul. 

    A lei aprovada por Kassab determina também a adoção de políticas de expansão das áreas verdes da cidade. São Paulo tem hoje 32 parques e bosques municipais, totalizando 15 milhões de metros quadrados. Segundo Eduardo Jorge, isso está sendo realizado em 14 áreas. Uma delas fica entre os bairros de São Mateus e Itaquera, perto do Córrego Aricanduva, na zona leste. São 4,5 milhões de metros quadrados que serão incorporados até 2007 ao Parque do Carmo. 
    O terreno pertence à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), que deverá receber R$ 30 milhões pela desapropriação. 



    Quatro empresas contratadas pela Prefeitura a um custo anual de R$ 2,25 milhões começaram um grande programa de plantio e manutenção de árvores, atendendo a uma demanda do Plano Diretor do Município de criar "corredores verdes". 
    Para fazer a ligação entre as grandes manchas de vegetação ao redor da capital e os parques e bosques urbanos, as equipes da Secretaria do Verde plantaram 32 mil mudas nos canteiros centrais de grandes avenidas e nas "ilhas" entre as pistas local e expressa da Marginal do Tietê - outras 18 mil foram plantadas por funcionários das 31 subprefeituras. 
    O catálogo de mudas do programa tem quase 350 espécies, com preferência para as árvores nativas - ipês amarelos, cambucis, araçás, sibipirunas etc. 

"Dentro de dez anos os corredores estarão formados, atraindo para a cidade aves e insetos polinizadores", disse Luiz Roberto Jacintho, técnico do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave), vinculado à secretaria.

LEI Nº 14.186 - Programa Municipal de Arborização Urbana

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

[Entrevista] Prof. Dr. Edson Alex Arrazola Iriarte

Primeira entrevista na íntegra com o professor Dr. Edson Alex Arrazola Iriarte. Vindo de Santiago - Chile para o Brasil em 1995. Atualmente reside em Campinas-SP mas toda semana frequenta a Grande São Paulo, especificamente a região do ABC onde se encontra a UFABC.


Entrevista:






Ressaltamos os pontos principais da entrevista:


"O que a gente houve falar de São Paulo é que é uma grande Metrópole, a maior aqui da América do Sul. A ideia que nós temos, embora seja uma cidade muito grande, é que ela deveria também ao mesmo tempo ser grande no oferecimento de serviço a população, isto é, no serviço de transporte, serviços básicos. (...) Eu tinha um irmão que veio aqui passar uma temporada na USP, então ele falava muito de São Paulo, ficava encantado com São Paulo"


"Quando cheguei aqui no Brasil, eu via uma certa diferença entre o que era Santiago e o eu era São Paulo, São Paulo muito maior certamente, bem maior. Mas o que me chamou muita atenção é que muitas coisas aqui não funcionavam como funcionavam em Santiago, por exemplo: eu não tinha supermercados aberto aos domingos (...) E nos bancos também, os horários dos bancos me chamou muita atenção porque lá na Bolívia inclusive o atendimento começa as oito horas da manha, não é como aqui que começa as dez horas e três e meia você já tem que estar fugindo, lá fecha as 5 da tarde. (...) quantidade de gente, quantidade de carros, quantidade de avenidas, trânsito; essa então foi a minha primeira impressão."

"Pra mim (São Paulo) é a porta para sair do país quando vou visitar a minha família. (...) O sonho que eu tinha antigamente, quando era mais jovem – quando eu cheguei aqui mesmo – é que derrepente São Paulo seria a cidade ideal para você levar uma vida cultural muito bem servida, porque São Paulo oferece tudo. No entanto aos poucos eu fui me desencantando principalmente pelo como é complicada a vida em São Paulo, trânsito, quantidade de gente e o sistema de transporte, embora o metro funcione bem dentro de suas limitações eu acho que o metro não satisfaz a demanda que existe em São Paulo."

"Uma coisa que me chamou muita atenção são as poucas áreas verdes em São Paulo comparado com a minha cidade (...) Existem os parques mas se restringem ao Parque Ibirapuera. (...) esperava encontrar mais áreas verdes, eu acho que isso pra mim me impactou: a população não ter acesso a parques – e com segurança – pois os que tem não oferecem muita segurança."


"Acho isso lamentável (congestionamentos), pois eu uso muito a Marginal Tietê, e como se consome energia nesses engarrafamentos gigantes, combustível que está sendo consumido e que polui a cidade também. (...) Venho de ônibus pois é mais tranquilo, posso aproveitar mais o tempo, embora demore, mas posso aproveitar mais o tempo do que dirigindo ou enfrentando engarrafamentos na avenida dos Estados."


"O que me impressiona positivamente, o que eu gosto – o que a cidade oferece - são coisas que a gente vai percebendo aos poucos; se oferecem bibliotecas nas estações de metrô, você não precisa fazer nada, só uma carteirinha. Nos lugares que morei foram poucos, mas eu não vi isso, esse incentivo a leitura nem uma estrutura criada para estimular a cultura, acho isso fantástico. Bom, e você pode encontrar em São Paulo o que você quiser: shows musicais, arte, teatro, musicas clássicas."

"Hoje em dia São Paulo não é aquela São Paulo que eu conheci quando vim, minha primeira estada foi no ano de 95. Então deste tempo para hoje, São Paulo disparou (...) Hoje São Paulo é gigantesca, naquela época era uma época de crise, um pouco de renascimento do período da ditadura em vários países, e isso deixou estagnado muitas coisas e São Paulo principalmente." 
 
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Brasil oferece bolsas para atrair pesquisadores estrangeiros

Assim como há bolsas para estudantes e pesquisadores brasileiros estudarem em universidades do exterior, há também programas para estimular a vinda de pesquisadores e professores para as instituições de ensino superior brasileiras. O estímulo ao intercâmbio no meio acadêmico é visto como uma forma de elevar o nível dos programas de pós-graduação e dos pesquisadores do país.
A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação do Ministério da Educação (MEC), tem três programas diferentes para atrair pesquisadores e professores de alto nível internacional: Professor Visitante Estrangeiro, Escola de Altos Estudos e o programa Atração de Cientistas para o País.

Conheça melhor cada uma das bolsas:
  • Professor Visitante Estrangeiro: O programa apoia visitas de média e de longa durações de professores estrangeiros convidados por cursos de doutorado brasileiros. A bolsa, que varia de R$ 3.997,09 a R$ 8.905,42 (fora a passagem aérea e o auxílio-instalação) é concedida por um período de 4 a 12 meses.

  • Escola de Altos Estudos: Iniciativa da Capes para trazer professores e pesquisadores estrangeiros conceituados internacionalmente para realizar cursos que possam fortalecer os programas de pós-graduação de universidades brasileiras. Podem participar as universidades que oferecem cursos de mestrado e/ou doutorado, preferencialmente com nota igual ou superior a 5, segundo a avaliação da Capes. O projeto enviado pela instituição de ensino precisa indicar o professor a ser convidado e justificar a escolha, dentre outros tópicos obrigatórios.

  • Atração de Cientistas para o País: A linha Jovens Cientistas de Grande Talento no Brasil pretende atrair pesquisadores com produção científica diferenciada, prioritariamente brasileiros. A bolsa tem duração de dois a três anos de atividades com um grupo de pesquisas no país. Os pesquisadores receberão uma bolsa no valor de R$ 7 mil mensais por até três anos e recursos de pesquisa adicionais no valor de R$ 40 mil por ano. O programa prevê atrair até 1200 jovens pesquisadores.

Na linha Atração de Lideranças Internacionais para o Brasil, o pesquisador deve vir ao Brasil pelo menos um mês a cada ano e a receber estudantes e pesquisadores brasileiros em seu laboratório. A proposta prevê a associação com um grupo no Brasil, que ficará responsável pelo gerenciamento do projeto. Entre os benefícios, estão a bolsa de visitante especial no valor de R$ 14 mil por mês, que ele recebe quando está no país, custo de uma viagem anual para o pesquisador e R$ 50 mil por ano para a pesquisa. O programa prevê atrair até 300 lideranças internacionais
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Nova onda de estrangeiros chega ao Brasil

Eles estão chegando em número cada vez maior. Os motivos são variados e diferentes do fluxo migratório do século passado, pós-guerras. Agora entram no país para estudar, trabalhar, montar um negócio ou simplesmente casar. Deixam para trás famílias, histórias, culturas e por aqui ficam, muitas vezes para sempre. Saem de seus países movidos seja pela transferência temporária por exigência do empregador à tentativa de uma vida melhor no exterior, fugindo de áreas de conflitos ou de desastres ambientais. Chegam das Américas, da Europa, da Ásia, de toda parte. O trânsito desses migrantes existe por todo o planeta e, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), eles formam atualmente um contingente de 160 milhões de pessoas.

O sociólogo Dimas Floriani, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), considera que no imaginário brasileiro a questão migratória tende a ser tratada com tolerância e humanidade, por ser uma nação formada por estrangeiros, que contribuíram para moldar nossas características de hibridação étnico-cultural. Desde seu descobrimento, o Brasil recebeu holandeses, portugueses, franceses, espanhóis e, posteriormente, italianos, japoneses, chineses e muitos latino-americanos. Os estrangeiros que aqui chegaram nos séculos XVI e XVII, não são considerados imigrantes por muitos autores pois foram enviados pelo governo de seus países com o objetivo de colonizar o Brasil; são tidos como colonizadores. Do mesmo modo, os negros trazidos da África como escravos, não são considerados migrantes, pois vieram para cá como prisioneiros em navios negreiros.

Dados para 2011 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam um aumento de mais de 25% na emissão de vistos de trabalho, em relação a 2010. Foram concedidos 70.524 vistos, dos quais 66.690 foram temporários, a maioria (34%) de até 90 dias. São autorizações dadas majoritariamente a homens (90% dos vistos) para trabalhar a bordo de embarcação ou plataforma estrangeira ou ainda navios turísticos estrangeiros, por prazo de até 90 dias. Cinco países – Estados Unidos, Filipinas, Reino Unido, Índia e Alemanha – estão na origem de 43% dos vistos temporários expedidos. Menos de 8 % dos vistos temporários foram concedidos por dois anos para estrangeiros com contrato de trabalho no Brasil.




Este número, porém, aumentou 117% em relação a 2008. Nem todos os migrantes solicitam entrada no Brasil por meio de visto temporário. Nos últimos quatro anos, houve um aumento de mais de 700% nos vistos permanentes de caráter humanitário e de 550% para estabelecimento de união estável. Franceses são os que mais solicitaram união estável com brasileiros, mas foram os haitianos (709 dos 711 pedidos aprovados) os que mais recorreram a razões humanitárias para solicitar residência no Brasil em 2011.





Sem dúvida, existe hoje uma intensificação do fluxo de migração e o que ocorre no Brasil não é diferente do que vem sendo observado em outros países do mundo. Floriani, que é também coordenador acadêmico da Casa Latino-americana (CASLA), em Curitiba, considera que a imigração é, preponderantemente, influenciada por aspectos econômicos. Ele alerta, porém, a importância de se considerar o custo humano e existencial: "pouco se discute aspectos culturais dessa mudança, o custo humano, o sofrimento do migrante por ter suas raízes cortadas e por ter que reaprender a viver em outras circunstâncias".

Fonte: Ciência e Cultura